09 Apr
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BRASÍLIA - Em uma decisão que reflete a delicada equação política que permeia a Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), optou por colocar em votação a prisão do deputado Chiquinho Brazão (RJ) nesta quarta-feira, 10. 

Mesmo diante da ausência de um cenário claro sobre o resultado da votação, Lira pretende demonstrar firmeza e evitar que a Câmara seja vista como conivente com o parlamentar detido sob acusação de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco.Lira enfatizou que sua decisão visa assegurar que a Câmara não seja percebida como leniente em relação a um de seus membros detidos preventivamente. 

Além disso, o presidente da Casa reiterou seu compromisso em não postergar mais a deliberação, respeitando assim a autonomia e a soberania do plenário. Com isso, a responsabilidade de conquistar os votos necessários para a manutenção ou revogação da prisão de Brazão será dos próprios deputados.No entanto, nos bastidores da Câmara, há um consenso tácito de que projetos que apresentam riscos significativos de derrota raramente são submetidos à votação. 

Líderes partidários já alertaram Lira sobre a falta de uma sinalização clara por parte de suas bancadas, o que não garante os 257 votos necessários para confirmar a prisão do deputado. Lira planeja realizar uma última avaliação do cenário no final da tarde desta quarta-feira, após a votação na Comissão de Constituição e Justiça, para traçar os próximos passos.

Darci de Matos (PSD-SC), relator da prisão de Chiquinho Brazão, foi um dos primeiros a se reunir com Lira nesta quarta-feira. Ele defendeu a realização da votação ainda hoje, manifestando preocupação de que um eventual adiamento para quinta-feira pudesse resultar no esvaziamento do plenário, uma estratégia que poderia beneficiar o deputado em questão. 

O Centrão, grupo político com influência significativa, teme que a manutenção da detenção estabeleça um precedente para outras prisões preventivas, independentemente da natureza do crime.No que se refere à distribuição dos votos, apenas alguns partidos demonstraram clareza em suas posições. PSOL, legenda da vereadora Marielle Franco, PT, PCdoB, PV, PSB e PSD, partido do relator, sinalizaram que devem apoiar a manutenção da prisão. 

Contudo, há incertezas em outras siglas. O PL, por exemplo, apresenta divisões internas, com uma ala bolsonarista defendendo a manutenção da prisão de Brazão, enquanto outros resistem, especialmente pelo fato de a prisão ter sido determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

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