Em um discurso realizado na manhã desta quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que é difícil encontrar mulheres e negros para ocuparem determinados cargos de alto escalão no governo e nas empresas privadas. A declaração foi feita durante um evento no Palácio do Planalto que marcou o lançamento de um programa de inclusão e diversidade no mercado de trabalho.
Lula destacou a persistente desigualdade racial e de gênero no Brasil, sublinhando a importância de políticas afirmativas para corrigir essas disparidades históricas. "É inaceitável que em pleno século XXI ainda seja tão difícil encontrar mulheres e negros em posições de liderança. Precisamos romper com essa realidade e promover uma verdadeira inclusão em todos os setores", afirmou o presidente.
O novo programa, anunciado por Lula, visa incentivar empresas a adotarem práticas de diversidade e inclusão, além de promover a capacitação de mulheres e negros para assumirem cargos de chefia e gerência. Entre as medidas estão a oferta de cursos de liderança, mentorias e a criação de uma certificação para empresas que se destacarem na promoção da diversidade.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, presente no evento, destacou a importância da iniciativa e a necessidade de um compromisso real das empresas e do governo com a inclusão. "Não podemos mais aceitar desculpas para a falta de diversidade. É preciso agir e criar condições para que todos tenham as mesmas oportunidades. Este programa é um passo importante nessa direção", disse Anielle.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, também enfatizou a necessidade de políticas públicas para enfrentar a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. "As mulheres enfrentam barreiras estruturais que dificultam seu acesso a posições de liderança. Precisamos de ações concretas que incentivem a equidade de gênero e valorizem o talento feminino", afirmou.
A declaração de Lula gerou reações diversas. Organizações de defesa dos direitos das mulheres e dos negros elogiaram a postura do presidente e a iniciativa do novo programa. "O reconhecimento da dificuldade em encontrar mulheres e negros para certos cargos é um passo importante. Agora, precisamos garantir que as medidas anunciadas sejam efetivamente implementadas e tragam resultados concretos", afirmou Maria Silva, presidente da ONG Mulheres em Ação.
No entanto, alguns setores criticaram a fala do presidente, argumentando que a dificuldade em encontrar mulheres e negros qualificados para determinados cargos é resultado de um sistema educacional falho e de políticas públicas ineficazes. "A falta de qualificação é um problema que começa na base. Precisamos investir mais em educação e capacitação desde cedo para que no futuro tenhamos uma maior diversidade em todas as áreas", disse Paulo Roberto, representante de uma associação empresarial.
Lula reconheceu os desafios, mas defendeu a importância de ações afirmativas para acelerar o processo de inclusão. "Não podemos esperar que as coisas mudem por si só. Precisamos de medidas proativas que corrijam as desigualdades e promovam uma sociedade mais justa e igualitária", concluiu o presidente.
O programa de inclusão e diversidade anunciado por Lula deve começar a ser implementado nos próximos meses, com a expectativa de que traga mudanças significativas no panorama do mercado de trabalho brasileiro. A sociedade civil e os setores empresariais acompanharão de perto os desdobramentos, na esperança de que a iniciativa contribua para uma verdadeira transformação social.
FONTE: Folha de S. Paulo